quinta-feira, 15 de maio de 2014

Lidando com As Tentações dos Alimentos de Origem Animal


                            G   Vegan!



Eu estou compartilhando um post do site Veganagente, que pode ser de bastante importância para os que estão querendo deixar de ser carnívoros e também para os que estão na transição do vegetarianismo para o veganismo.


lisa-vegetariana


Um vegetariano ou vegano, quando ainda não tem uma convicção ética suficientemente madura e sólida, está suscetível a cometer deslizes, leia-se ingerir algo como um pedaço de bolo ovolácteo, um bolinho de carne, um docinho feito com leite condensado, um copo de iogurte ou uma barra de cereal que tem mel como ingrediente. Às vezes, esse deslize pode ser também consequência de uma atitude precipitada do indivíduo de convicção não amadurecida quando está sob pressão social direta – as já descritas provocações tentadoras ou insistências, como uma turma de colegas em coro bradando ao redor “Come! Come! Come!” – e/ou indireta – como estar numa festa, com fome e sem nenhum alimento vegetariano ao alcance, vendo todos ao seu redor comendo e visivelmente se saboreando.
Em última análise, diversos deslizes seguidos tornarão um vegetariano suscetível a retroceder ou até abandonar o vegetarianismo por ter sido vencido pela tentação de voltar a consumir alimentos de origem animal. A inicial falta de solidez da convicção vegetariana também deixa o indivíduo desprotegido da pressão social, de modo que são relevantes as chances de ele (retro)ceder no hábito alimentar por não ter suportado a intimidação carnista por parte das pessoas de seu círculo de relacionamentos.
Para evitar os deslizes e impedir que qualquer influência externa ameace seu novo hábito alimentar enquanto sua convicção ética não se torna forte e sólida o bastante, o vegetariano novato precisa adotar uma séria autodisciplina, de modo a conter os impulsos de comer o que não deve e resistir a todas as pressões e tentações. Não é uma disciplina militarista, mas exige alguma dedicação e força de vontade.
Os preceitos dessa autodisciplina são basicamente dois: evitar ceder à tentação de comer qualquer coisa que tenha algum ingrediente de origem animal e resistir à pressão social. E o macete para esses comportamentos é o indivíduo, sempre que estiver diante de um cenário tentador ou perto de pessoas que o estão perturbando para vê-lo desistir, pensar antes de tudo nos motivos que o levaram a mudar seu hábito alimentar.
Será que vale a pena, por exemplo, comer aquele que foi parte dos músculos de um animal escravizado e violentamente morto num matadouro? Ou comer uma fatia de um bolo cujo leite ingrediente só foi comprado de uma prateleira porque uma vaca, previamente forçada a engravidar, havia dado à luz um bezerrinho que lhe foi roubado com poucas semanas ou meses de vida? Ou passar o dedo na cobertura de mel de um bolo, mel esse que só está ali porque animais foram explorados, levados à vida com o fim exclusivo não de viver por conta própria, mas de servir a interesses econômicos alimentícios humanos? Será que vale a pena voltar a ser cúmplice, ainda que por trinta segundos, de uma pecuária que vem sendo um dos maiores poluidores de corpos d’água e emissores de gases aquecedores da atmosfera? Ou de uma pesca que vem ameaçando grande parte da fauna marinha de extinção?
A desculpa mais frequente para os deslizes é a frase “É só essa vez, depois não como mais”. Aquele que a profere precisa perceber que não é porque foi apenas uma vez em um ano que comer produtos de origem animal deixa de ser algo eticamente questionável.
Antes de pensar nessa desculpa e comer aquela coxinha ou fatia de bolo, é saudável pensar, por exemplo: “Por aquele bolo do qual quero pegar uma fatia, pelo menos uma vaca foi torturada com uma gravidez forçada e o roubo de um bezerrinho seu. Também uma galinha teve que ser encarcerada numa gaiola minúscula e forçada por meios artificiais a pôr muitos ovos, dos quais dois ou três compõem aquele bolo. E inúmeros pintinhos machos foram mortos por não interessarem vivos à avicultura de ovos.”; ou “Por aquela coxinha que está me tentando, um frango teve que ser tratado como objeto, explorado e morto num abate bastante violento que lhe rendeu momentos de agonia.”
Pensar nesses detalhes com certa frequência é triste, mas reforça seus “músculos” éticos de modo que sua convicção irá se tornar cada vez mais sólida a cada dia que passa e a cada momento em que se resiste a um momento de tentação ou pressão.
Em outras palavras, a pessoa deve se treinar de modo a passar a ver alimentos de origem animal como não alimentos, tal como a sociedade carnista vê a carne de cachorro, o leite de porca e os ovos de lagartixa como não alimentos.
Mas se o indivíduo cometeu um deslize, não deve se desesperar ou se martirizar. Todos cometem erros, e o que se pode fazer é admitir que falhou e comprometer-se a policiar-se de modo a não deslizar mais. É com o aprimoramento de seu comportamento alimentar que o vegetariano se torna cada vez mais autodisciplinado.
Para momentos de pressão social direta, a solução é reagir com um “fora” contra quem está pressionando você, e/ou afastar-se da pessoa ou turma que lhe está sendo inconveniente até que lhe peça desculpas. Porque é com “foras” que normalmente reagimos quando alguém perto de nós está sendo muito inconveniente e nos perturbando. O indivíduo, no entanto, precisa tomar cuidado para que muitos “foras” seguidos não façam crescer dentro de si uma intolerância a carnistas, já que uma vida social saudável e a própria reputação individual e coletiva dos vegetarianos e veganos dependem de tolerância, paciência e diplomacia.
Com alguma experiência, a pessoa perceberá que não é difícil usar a autodisciplina como escudo contra tentações e pressões que tentem induzi-la a consumir o que não é certo consumir. Sendo autodisciplinada e persistente, verá sua convicção ética tornar-se cada vez mais sólida. E, quando sua convicção se solidifica, sua aversão a alimentos de origem animal se torna algo naturalizado e automático.
A partir de certo momento, já não sentirá mais desejo nenhum, em momento algum, de comer alimentos não veganos – pelo contrário, sentirá repulsa, ou mesmo nojo, por mais bonito que o bolo ovolácteo seja e por mais cheiroso que o pastel de frango pareça para seu olfato – e saberá lidar com qualquer tipo de pressão hostil à sua convicção ética sem ceder um milímetro que seja. A autodisciplina passará a ser algo intrínseco à sua atitude, sem que precise voltar a invocá-la artificialmente.
Sabendo lidar com todas as adversidades que apareçam diante de si, incluindo aquelas pessoas que sequer gostam de vê-lo seguindo uma ética que subverte totalmente os hábitos e prazeres gustativos delas, o indivíduo viverá muito bem sendo vegetariano e, mais adiante, vegano. E viverá com a certeza de que cada dia é melhor que o anterior, uma vez que uma população vegetariana e vegana cada vez maior e mais esclarecida tem cada vez mais poder de lutar por seus direitos de seres sociais e fazer com que a sociedade a trate cada vez melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Atenção: Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Reservo-me o direito de excluir qualquer comentário que eu considere inoportuno ou que não esteja de acordo com a política do blog.